Desde 2008, o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo. Hoje, 11 de janeiro é o Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos, uma data super importante e que foi pensada pra conscientizar a população e os agricultores sobre os riscos do uso indiscriminado dos agrotóxicos tanto para o meio ambiente quanto pra nossa saúde. Vamos falar um pouco sobre eles? Os agrotóxicos surgiram com uma proposta diferente: uma arma química durante a Segunda Guerra Mundial, eram pulverizados por cima de regiões para intoxicar plantações e a população. Foi a partir da década de 1950 que eles passaram a ser usados para aumentar a produção de comida no mundo pós-guerra, evitando que as plantações sofressem com as pragas ou as ações climáticas. Nessa época, ficaram conhecidos como defensivos agrícolas, mas hoje já são chamados de pesticidas, praguicidas ou agroquímicos.
Ao longo dos anos, os agrotóxicos foram se modernizando, se transformando cada vez mais em agentes potentes contra as pragas. O problema é que eles atingem também outros animais, como as minhocas, as abelhas, as plantas e, claro, os seres humanos. Também podem contaminar o solo e os lençóis freáticos. Alguns deles permanecem nos peixes e insetos até depois da morte, contaminando toda a cadeia alimentar. Os pesticidas ainda diminuem a eficiência do solo que precisam cada vez mais de fertilizantes. E, como todo “remédio”, os agrotóxicos estimulam que as pragas fiquem cada vez mais resistentes. Em novembro do ano passado, um estudo (que vale muito ler!) da geógrafa Larissa Bombardi do Laboratório de Geografia Agrária da USP revelou dados preocupantes: os alimentos consumidos pelos brasileiros estão contaminados por uma quantidade de agrotóxicos proibidos na maior parte dos países da Europa. A soja e o feijão no Brasil, por exemplo, podem ter de 200 a 400 vezes mais agrotóxicos do que é permitido lá fora. Dos que são usados no cultivo da soja, quase 25% deles já foram proibidos na União Europeia e nas frutas podem ser encontrados até 20 vezes mais inseticidas do que nas do continente europeu. Os trabalhadores da lavoura são os mais atingidos por esse problema pelo contato direto com as plantações. No Estado de São Paulo, 75% da área rural é pulverizada com agrotóxicos. Em 14 anos, entre 2000 e 2014, o Brasil teve um aumento no consumo de agroquímicos de 170 mil toneladas para 500. Estima-se que 8 brasileiros são contaminados por dia e que para cada caso, 50 não são notificados.
O problema é mais complexo do que parece: ainda que a lei brasileira seja permissiva para o consumo desenfreado dos agrotóxicos, tanto a Anvisa quanto o governo culpam os agricultores pelo mau uso. Mas segundo a Larissa, para alguns tipo de agrotóxicos e inseticidas não há nem mesmo um limite máximo estabelecido por lei. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária , um terço da comida que consumimos já apresenta agrotóxicos. O Pimentão é o alimento com maior taxa de contaminação, 91,8%. Mas é o Centro-Oeste, tomado pelas plantações de soja, o grande campeão no uso de pesticidas, consumindo mais da metade do volume de agrotóxicos comercializados no país, seguido do milho e da cana que, juntos, consomem 72% dos pesticidas do Brasil. O assunto é complexo e não cabe em um só post, mas é importante que a gente pare pra pensar em tudo isso. Quando puder, opte pelas feiras orgânicas (a gente tem um post inteirinho com indicações aqui) e lembra de levar suas embalagens, como a Fe te mostra aqui. Plante temperinhos e tenha a sua hortinha em casa! Tem uma galera engajada na causa e vale dar uma olhadinha no Chega de Agrotóxicos, um abaixo-assinado pedindo a regulamentação da redução dos agroquímicos no Brasil. E assinar, claro! Tem bastante informação bacana por lá. Vamos juntos?
Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.