É realidade nas mesas mais sofisticadas do mundo: água da bica. Nada de Evian, nada de Voss, nada de Pellegrino. No Noma, eleito o melhor restaurante do mundo pela lista World's 50 best, na Dinamarca, serve-se água da casa. Aliás, o governo da Dinamarca incentiva as pessoas a tomarem água da bica - "Um litro de água da torneira joga de 1 mil a 2 mil vezes menos que dióxido de carbono na atmosfera que uma água engarrafada" , avisou o ministro do Meio Ambiente de lá.
O consumo mundial de garrafas d'água cresce em média 5% ao ano, são mais de 200 bilhões de litros. Muitas cidades dos Estados Unidos já baniram as garrafas pets - a gente falou de São Francisco aqui. Reza a lenda que Michael Bloomberg, quando era prefeito de NY, respondia quando lhe perguntavam nos restaurantes se queria água com gás ou sem gás: "Quero água Cidade de Nova York". Nova York foi o terceiro estado americano a eliminar água engarrafada de seus custos administrativos. O consumo de água nos Estado Unidos só perde para o de refrigerantes.
A crise e alta dos aluguéis fez com que alguns lugares da cidade voltassem a cobrar por água. Mas totalmente desnecessário, né. Aqui no Brasil, o Epice, em São Paulo, que entrou na lista estrelada do Guia Michelin brasileiro, oferece água filtrada, e o recém-inaugurado Formidable, do premiado chef Pedro de Artagão, no Rio, também.
No Rio, a lei estadual 2424/95 obriga bares e restaurantes a filtrar a água potável oferecida aos clientes - é direito do consumidor beber água natural potável não mineral. A briga é grande, os restaurantes lucram com as águas engarrafadas, a indústria lucra, mas seguimos acreditando que água da bica, tratada, é a coisa mais chique que há. Mesmo porque a organização Food and Water Watch alerta: a água engarrafada cada dia mais tem como origem... a bica. Isso mesmo. É só água da bica engarrafada.
Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.