Sabe quando você vê alguém jogando lixo no chão e fica com aquela vontade de pedir pra jogar na lixeira? O Leandro sabe. Ele fez mais que isso: levou a lixeira às pessoas. Leandro Abrantes tem 32 anos, nasceu em Belford Roxo (Baixada Fluminense), passou pelo Morro do Vidigal, foi para o Cantagalo e, há três anos, descobriu que ali onde ele morava era a favela mais suja do Rio, ao lado do Pavão-Pavãozinho. Na posição de morador da comunidade, resolveu então tornar a Favela+Limpa – nome dado ao projeto social criado por Leandro e seu amigo Nivaldo de Moura, 46 anos.
“Vimos juntos uma reportagem que elegia essas favelas como as mais sujas. Eu, panificador desde os 10 anos de idade, decidi fazer algo", conta Leandro. "A gente já vinha discutindo a problemática do lixo aqui. Fomos a várias comunidades estudar sobre conscientização ambiental, ver exemplos, calcular que tipo de logística e ferramentas a gente poderia usar pra começar a fomentar isso na nossa comunidade”, lembra. Dito e feito. Após adquirirem o conhecimento, Leandro – até então dono de três padarias no morro -, e Nivaldo foram de porta em porta conscientizar os moradores; mais que isso, eles explicavam como seria o processo com as mãos no lixo . Mostravam à população, na prática, como separar o lixo, como fazer a coleta e a reciclagem . A comunidade produzia uma média de 29 toneladas de resíduos por dia. Mesmo a Comlurb retirando o material não reciclável, com a ajuda de todos, o processo mudou: Nivaldo e Leandro convenceram os vizinhos a separarem seus resíduos e levarem ao Eco Ponto.
Parece fácil? Não foi. A cultura da favela, de moradores criarem galpões de lixo aleatoriamente, perto de casa, continuou a existir. Então surgiu a ideia: dar material de limpeza em troca do lixo. O óleo vira sabão (feito manualmente), 20 garrafas pet retornam como esponja, entre outros produtos.
Hoje o Favela+Limpa é um grande projeto em um pequeno espaço. Com propostas para se expandir para favelas como a Rocinha, não vai por falta de estrutura. "Não há investimento. Não tenho como bancar mais catadores. As pessoas trazem o lixo e eu não posso aceitar por falta de espaço", explica Leandro.
É pena. Fotos: Mariana Reis
Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.